Monday, October 16, 2017

A NOVA DEMOCRACIA BRASILAno XVI, nº 197 - 1ª quinzena de Outubro de 2017: 35 anos do genocídio em Sabra e Chatila

Com apoio de Israel, fascistas fizeram banho de sangue contra palestinos

Massacre de 1982 foi um dos mais sangrentos após II Guerra

Em 1982, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila que resguardavam palestinos e libaneses, na fronteira entre a Palestina e o Líbano, ocorreu um dos maiores banhos de sangue após o término da 2ª Grande Guerra Imperialista. O número de mortos é escondido, mas estimativas apontam cerca de 3.500 assassinados.

O episódio ocorreu em meio da guerra civil libanesa, efervescente pela recente invasão de territórios árabes pelo Estado sionista em 1967 (“guerra dos seis dias”) e pelo grande fluxo migratório da massa palestina que, expulsa de suas terras, refugiara-se naquele país. Nesse contexto, o próprio Líbano fora invadido pelos sionistas em junho de 1982, quando Israel argumentou que estaria a reprimir “terroristas palestinos” escondidos. Ao mesmo tempo, também no Líbano, emergia o grupo de aspiração fascista e anti-árabe, a Falange Libanesa.

No dia 14 de setembro de 1982, logo após ser eleito presidente daquele Estado, o líder da Falange Libanesa, Bashir Gemayel, foi aniquilado em uma explosão de carro-bomba. Atribuiu-se a ação aos grupos da resistência árabe-palestina.

Dois dias depois, as milícias da Falange agem contra as massas indefesas e desarmadas para retaliar a morte do líder de seu bando. No entanto, os fascistas não poderiam efetuar tamanha ação sozinhos: contaram com o apoio, inclusive operacional, do Estado sionista de Israel, ainda que este negue.

A ação genocida de aniquilamento em massa durou 38 horas ininterruptas nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, na periferia da capital Beirute, no Líbano.

Tal como citou a jornalista brasileira Rosana Bond em seu artigo Resistência do povo palestino (AND nº 14), no livro O massacre de Sabra e Chatila, o jornalista israelense Amnon Kapeliouk relata alguns detalhes desta operação:

“Em numerosos apartamentos, crianças de 3 ou 4 anos são encontradas de pijamas, enroladas em cobertores ensanguentados. Mas, frequentemente, os assassinos não se contentam em matar,  [e também]cortam os membros de suas vítimas antes de liquidá-las, esmagam contra a parede a cabeça das crianças e de bebês; mulheres e até meninas são violadas antes de serem assassinadas a golpes de machado. Usando o machado e a faca, os milicianos espalham o terror, abatendo sem distinção homens, mulheres, crianças e velhos. Também não distinguem entre cristãos e muçulmanos, libaneses e palestinos. Todos os que vivem nos acampamentos devem ter o mesmo fim”.

O mesmo jornalista também denuncia a participação do Exército sionista: “O general [referindo-se ao militar israelense Amos Yaron] confirma-lhes [às milícias fascistas] que suas tropas fornecerão toda a ajuda necessária ‘para a limpeza de terroristas nos acampamentos’. O general Drori, em seguida, telefona a Ariel Sharon [primeiro-ministro sionista de 2001 a 2006; à época do genocídio era ministro da defesa] e anuncia-lhe: ‘Nossos amigos estão penetrando nos acampamentos. Coordenamos sua entrada’. ‘Parabéns!’, responde Ariel Sharon, ‘a operação de nossos amigos está aprovada’”.